8 de setembro de 2010

Tirar carta vira transtorno


Há três meses o problema continua o mesmo para quem quer tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) no Grande ABC. Queda e lentidão do novo sistema da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) - conhecida como e-CNHsp - são as principais reclamações de alunos, proprietários de CFCs (Centros de Formação de Condutores) e de autoescolas.

A equipe do Diário acompanhou no sábado a saída de cerca de 100 alunos do CFC-A São Bernardo, no Centro da cidade. Das 11h40 - horário da saída - às 11h55, eles permaneceram em fila e impacientes até ouvirem de uma funcionária que estavam dispensados, porque o sistema estava fora do ar.

"Essa é a minha oitava aula e duas vezes não consegui registrar a impressão. É difícil ter de voltar só para isso, ainda mais porque trabalho. Falta apenas uma para terminar e nem sei quando vou pegar o certificado", disse o montador eletrônico de São Bernardo Francisco Vieira Bezerra, 30 anos.

Por conta de uma dermatite de contato na mão direita, a recepcionista de São Bernardo Denise Pereira Bispo, 19, encontra mais dificuldade. "A dermatite não permite o reconhecimento. Tenho de pedir para passar a esquerda e, somado à lentidão, é impossível conseguir", disse.

A coordenadora do CFC Érica Patrícia da Conceição informou que em casos como esse é feito um relatório para provar a presença do aluno. "A Prodesp fornece um número de protocolo e anexamos no relatório para justificar a presença. Tudo é encaminhado à Ciretran e depois ao Detran para liberação. É um processo demorado."

Prejudicado - Além dos alunos, quem se sente prejudicado são os proprietários das autoescolas. "O aluno perde dois, três meses para conseguir fazer a parte teórica e nesse período os nossos instrutores ficam parados. Nessa brincadeira, o aluno demora quase seis meses para sair com a carteira", disse Gerson D'' Onofre, proprietário da autoescola Shama, em São Bernardo.
A DJ de São Bernardo Priscila Campos Sabatino, 18, disse que não sabe quando vai começar a fazer as aulas práticas. "Comecei o teórico há uma semana e já não consegui registrar a digital. Desse jeito nem sei quanto tempo vou levar. O problema é que levo 30 minutos para chegar no CFC e agora vão começar as aulas e trabalho. Não vou ter tempo", explicou.

Santo André - A situação não é diferente em Santo André. O ABC CFC autoescola, no centro, ficou sem sistema quinta e sexta-feiras. "Cerca de 180 alunos já concluíram o curso teórico, mas aguardam a emissão do certificado porque não conseguiram registrar todas as entradas e saídas", disse a funcionária Natalia Vieira.

Ela explicou que alguns alunos que completaram as nove aulas não conseguiram registrar seis. "Eles tiveram de vir novamente, porém apenas uma vez deu certo. Ou seja, terão de vir mais cinco vezes sem a certeza de que estará funcionando", ressaltou.

São Caetano - Para o diretor de ensino da Associação das Auto e Moto Escolas de São Caetano, Gerson Rela, os problemas de queda e lentidão acontecem em horários específicos por conta da grande demanda. "Na quinta-feira, os alunos que saíram às 22h30 ficaram até as 23h20 aguardando o sistema, e nada. O programa é ótimo, mas a estrutura da Prodesp não existe. Há uma sobrecarga nos horários e por isso os problemas se tornam frequentes", disse, lembrando que no CFC AB há 200 casos pendentes em que alunos aguardam a emissão do certificado para dar continuidade. "O problema é que foi um período de férias, em que muitos aproveitaram, mas não vão conseguir terminar a tempo."

CFC REGISTRA QUASE 4.000 ALUNOS AFETADOS.

Para o diretor geral do CFC-A São Bernardo, Neuclair Santo Silvestrini, o problema da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) é insustentável.

"Somamos quase 4.000 alunos que estão aguardando a emissão do certificado para dar continuidade à emissão da carteira de habilitação", explicou o sócio-proprietário.

Segundo Silvestrini, passam 2.500 pessoas por mês, sendo 800 para a primeira habilitação. "O sistema implantado apresenta falhas e por enquanto só ouvimos promessas de melhorias", disse o diretor geral, que procura divulgar para os alunos os problemas do sistema.

"Muitos não entendem que a dificuldade não está só nesse CFC. É um problema generalizado e que atinge as autoescolas que não recebem os alunos. Alguns brigam dizendo que vão nos processar,mesmo explicando como funciona". contou.

Para ele, o apoio oferecido pela Prodesp não é suficiente. "Ao entrar em contato com a chefia da companhia, vão informar que são pequenos problemas nos CFCs que não estão prontos pra o novo sistema."



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