25 de novembro de 2010

Fica mais difícil tirar carta de motorista

Quem pretende tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) nas férias se prepare para espera que pode ultrapassar três meses. Segundo o presidente do Sindicato das Auto Moto Escolas e Centro de Formação de Condutores no Estado de São Paulo, José Guedes Pereira, a procura aumenta, em média, de 20% a 30%. “O fim do ano vai ser um problema, já que é uma época em que os estudantes têm mais tempo. Hoje, o prazo para emitir a carteira chega até três meses. O normal, em média, é 45 dias.”

Outros agravantes são a lentidão e as constantes quedas no sistema da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) – implantado há sete meses – conhecida como e-CNHsp. A Prodesp informou que está fazendo levantamento para detalhar as causas dos problemas.

“Recebo muitas reclamações da região. A impressão é que a Prodesp está tentando montar um avião no ar. Não que seja contra o sistema. A concepção é boa, porém deveriam ter feito testes antes da implantação para não gerar problemas”, afirma Pereira.

A equipe do Diário acompanhou ontem as dificuldades de 180 alunos do CFC-A São Bernardo, no Centro. Das 11h40 – horário de saída – às 12h05, eles permaneceram em fila até serem dispensados por uma funcionária, já que o sistema permaneceu fora do ar o que impossibilitou o registro da presença.

“Já esperei uma hora, mas pelo menos cadastrei a digital. Hoje que é a minha última aula vou ter de voltar outro dia. É um transtorno que ninguém merece”, explica a desempregada do bairro Planalto Keytty Ramalho Silva, 23 anos.

Por falta de informação o auxiliar de produção do Jardim Las Palmas Manoel de Jesus Silva, 38, que já terminou o curso foi ontem ao CFC só para cadastrar a digital. “No primeiro dia fui para aula direto e não passei a digital. Vim em vão, já que mais uma vez esse sistema falhou”.

Para o diretor-geral e sócio- proprietário do CFC - A São Bernardo, Neuclair Santos Silvestrini, a explicação da Prodesp sempre é a mesma. “Ligamos e informam que o sistema está indisponível e geram um número de protocolo. Em média, 700 alunos passam por mês e acredito que muitos não vão conseguir ter a carteira até o fim do ano. Nas autoescolas a situação é a mesma”, afirma Silvestrini, que acredita que no fim do ano a situação piore.

Em Santo André, o problema já começa ao realizar o exame médico obrigatório. “Desde quinta-feira o sistema está fora do ar e não realiza o cadastro para emitir os laudos de pelo menos 47 pessoas”, explica a recepcionista Ana Paula Bechelli, da Clínica Insight. O estudante Kléber Silvério da Silva, 18, voltou ontem para tentar emitir o laudo. “Tive de pagar duas conduções para tentar novamente. Já era para ter começado as aulas teóricas”, disse.

A gerente Cássia Alves Gama, do ABC Centro de Formação de Condutores de Santo André, diz que pela oscilação do sistema os processos parados chegam a 300. “Eles já terminaram o curso, mas dependem das digitais.”

Para a recepcionista da autoescola Tiemi em Diadema Jeruza Mascarenhas da Silva, a dificuldade é fazer os alunos entenderem a situação. “Muitos acham que estamos enrolando. Dizemos que é erro no sistema, mas não acreditam.”

O pintor de Ribeirão Pires Diogo De Nadai, 20 anos, demorou três meses para conseguir a carta. “Encontrei dificuldades para o cadastro da digital nas aulas teóricas e práticas, mas até que enfim há duas semanas consegui pegar a carta.”

Para o diretor de ensino da Associação das Auto e Moto Escolas de São Caetano, Gerson Rela, a situação piorou no dia 8. “Foi feita uma atualização no sistema. O suporte deles não ajuda. Ao entrar em contato eles não dão o apoio necessário para solucionar o problema.”



Alunos concluem curso e precisam voltar para cadastrar digital

A indignação maior é dos alunos que já concluíram o curso teórico e precisam comparecer ao CFC (Centro de Formação de Condutor) só para cadastrar as digitais. Ontem pelo menos 15 alunos que concluíram o curso na sexta-feira no CFC A São Bernardo, aguardavam na hora da saída para cadastrar a digital.

“Não conseguimos passar a digital em três dias do curso, por isso estamos aqui. É um sistema péssimo. Hoje (ontem) não funcionou. Vou precisar vir mais três dias e tentar a sorte. Enquanto isso tenho de pedir para meu vizinho buscar meus filhos, que saem às 11h20 da escola”, reclama a dona de casa do Riacho Grande Josenilda Torres Zaia, 37 anos.

Para o professor de inglês Felipe Batista Pereira, 18, o pior é a oscilação do sistema. “O problema é quando a digital passa às 7h30, mas às 11h40 não funciona. Acredito que não deveria ser implantado um sistema que não está 100% para evitar esses transtornos”, explica.

Fonte: http://www.dgabc.com.br/News/5842653/fica-mais-dificil-tirar-carta-de-motorista.aspx

Um comentário:

  1. Acho que a sociedade brasileira tem que se mobilizar contra esses absurdos e não aceitar essas imposições desses engravatados do Detran.

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